SEGURANÇA ALIMENTAR: Conselho publica nota sobre manchas de óleo nas praias nordestinas
29/10/2019 - 08:10
Nesta terça-feira, o Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região (CRN-5) publicou uma nota sobre o aparecimento das manchas de óleo nas praias nordestinas e os prejuízos que podem ser causados à saúde e segurança alimentar da população.
Leia o texto:
Lamentamos o desastre ambiental que atingem o litoral brasileiro desde agosto do presente ano, caracterizado pelo aparecimento das manchas de óleo nas praias nordestinas e segue acometendo diversas outras regiões do litoral, causando perdas de valores inestimáveis a biodiversidade e a sociedade.
O cenário se torna mais preocupante uma vez que o óleo bruto/petróleo, substância que está sendo encontrada nas praias do nordeste brasileiro, possui em sua composição diversos tipos de substâncias químicas como os hidrocarbonetos, dentre os mesmos citamos os HPA’s/PAHs, os quais são classificados como Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos, substâncias essas que possuem efeitos tóxicos que vão desde sintomas agudos a consequências crônicas e graves.
Estudos apontam que o simples contato com o óleo poderá gerar consequências negativas à saúde da população, tendo em vista seu caráter químico extremamente tóxico, oportuna-se salientar que as pessoas devem evitar o contato com o produto sem as devidas proteções.
Pesquisas desenvolvidas pelo instituto de biologia da Universidade Federal da Bahia encontrou fragmentos do óleo no sistema gastrointestinal de 30 espécie de pescados analisados, o que evidencia uma contaminação expressiva da fauna marinha em toda a região.
A situação afeta diretamente diversas famílias de marisqueiras e pescadores, uma vez que o desastre atinge a principal fonte de subsistência dessas famílias que são os pescados.
O desastre ambiental ameaça diretamente a soberania e a segurança alimentar das populações em geral, não só os comerciantes que amargam praias vazias, baixa procura pelos pescados e produtos, os banhistas que devem ter cuidado com as praias contaminadas, bem como os consumidores, que devem evitar o consumo dos pescados diante do presente cenário de contaminação.
Sabemos que a atual situação fragilizará ainda mais o mercado de pescados locais, mas diante de uma situação cheia de indecisões e fragilidades por parte de órgão competentes, a recomendação é de não consumir os pescados (peixes e mariscos) de locais que tenham sido acometidos por tais manchas, pensando primeiramente na saúde dos povos.
Sabemos que as questões ambientais levaram anos para serem ressarcidas, mas a nível social precisamos de medidas urgentes em prol da nossa população.
Por fim, recomendamos que seja instaurado situação de EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA diante da presente situação. Ressaltando que a portaria 2.952 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, que afirma e regulamenta o Decreto nº 7.616, de novembro de 2011, o qual dispõe sobre a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), uma vez a situação instaurada, diversos direitos serão salvaguardados pensando não só em ações momentâneas, mas em situações a longo prazo em prol da população fragilizada.
Colegiado do CRN-5.