“Orientação Nutricional para Vegetarianos” será tema de bate-papo. Participe!
20/02/2015 - 09:02
“Orientação Nutricional para Vegetarianos”. Este é o tema do Bate-papo temático online que o Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região (CRN-5) vai promover no dia 26 de fevereiro, das 19h às 20h. Voltado para nutricionistas, técnicos em nutrição e dietética e demais interessados no assunto, o “chat” aberto ao público será facilitado pela nutricionista clínica Janaína Sant’Anna Queiroz Costa, atual Conselheira do CRN-5. Para participar, basta acessar a seção “Bate-papo temático” no site www.crn5.org.br, no dia e horário do evento.
Historicamente o vegetarianismo tem sua origem na filosofia indiana e foi introduzido no ocidente pelo famoso filósofo e matemático Pitágoras. Sua base está relacionada à pureza e questões de contaminação, mas a partir do século XIX, foram agregados também os conceitos morais e solidários relacionados à defesa dos animais, principalmente na Europa.
“Durante o bate-papo, poderemos abordar informações e orientações de interesse para os três tipos de vegetarianos, ou seja, os ovolactovegetarianos (aqueles que não consomem carne, mas utilizam leite, seus derivados e ovos); os lactovegetarianos (não consomem carne e ovos, mas utilizam leite e seus derivados) e os vegetarianos estritos ou veganos (só consomem produtos de origem vegetal)”, explicou Janaína Queiroz.
Segundo a nutricionista, a alimentação vegetariana é rica em elementos antioxidantes e fibras, devida ao maior consumo de frutas, legumes e cereais integrais, como pães integrais, arroz integral, aveia, quinoa, amaranto, entre outros. “Alguns estudos apontam que os vegetarianos possuem menor risco de apresentarem doenças crônico degenerativas, tais como diabetes, pressão alta e colesterol alto”, salienta.
Para garantir a presença da quantidade adequada de carboidratos, proteína, gorduras, ferro e cálcio, a alimentação vegetariana deve ser planejada com cuidado, para que haja equilíbrio entre os nutrientes, de modo que não falte nenhum elemento importante para a manutenção da saúde do indivíduo. “Vegetarianos devem prestar especial atenção ao consumo de vitamina B12, ácido graxo ômega3, ferro, cálcio e proteínas”, resumiu Janaína Queiroz.
A deficiência de Vitamina B12 pode causar anemia megaloblástica e danos ao sistema nervoso. Já a carência de ferro pode causar anemia ferropriva. “Vários vegetais são fonte de ferro, apesar dele ser menos facilmente absorvidos do que aquele proveniente de fontes animais. Os alimentos que são fontes de ferro vegetal devem ser consumidos em conjunto com a vitamina C”, alerta a nutricionista
Quanto ao cálcio, a ingestão deste mineral pelos ovolactovegetarianos é similar a dos não vegetarianos, enquanto que na alimentação dos vegetarianos estritos o consumo pode não atender às recomendações diárias. Vegetais com baixo teor de oxalato (como brócolis, repolho chinês e repolho crespo) ou folhosos verde escuros são boas fontes de cálcio biodisponível (50 a 60%). Outras fontes de cálcio são o tofu, leite de vaca e seus derivados ou leite de soja fortificado (biodisponibilidade de 30 a 35%).
Ecologia
Do ponto de vista ecológico, os hábitos dos vegetarianos reduzem um elo da cadeia alimentar, reduzindo o impacto ambiental. As frutas, os cereais e os vegetais em geral exigem 95% menos de matérias-primas para serem produzidas. Para produzir carne, é necessário cultivar plantas que alimentam o gado, que por sua vez alimentam o homem. “Para alimentação do gado, são gastos recursos como a água, energia e tempo, que poderiam ser poupados se o homem consumisse diretamente os vegetais. São necessários 18 quilos de cereal para produzir um quilo de carne”, destacou a nutricionista Janaína Queiroz, que é vegetariana.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), para produzir um quilo de carne bovina são gastos, aproximadamente, 15 mil litros de água (considerando o consumo do animal durante sua vida dividido pelo rendimento bruto de sua carne). Para produzir um quilo de soja, são gastos menos de 1,3 mil litros de água, cerca de 10% do volume de água necessário para se produzir um quilo de carne bovina. A economia de água é, portanto, superior a 90%.
Quase um terço da superfície terrestre do planeta é utilizada para a criação de gado. Anualmente cerca de 200 mil quilômetros quadrados de florestas tropicais são destruídas para criação de pastos, conduzindo à desertificação e extinção de aproximadamente mil espécies de plantas e animais. Além disso, as florestas tropicais são destruídas para produzir soja, sendo 80% deste alimento destinados para alimentar animais.
Ética
Em relação à ética, várias correntes de pensamento concordam que não é justo tirar a vida de um animal para alimentar uma pessoa, especialmente quando a vida dessa pessoa não depende da vida do animal. Portanto, os animais e os seres humanos devem coexistir. “Outro aspecto refere-se à forma como os animais são tratados. Os animais criados pela indústria agropecuária moderna são confinados em pequenos espaços, alimentados de forma artificial e tratados por vezes de forma brutal durante o transporte e antes do abate”, lamenta Janaína Queiroz.
Para ela, “mais do que adotar uma dieta, ser vegetariano é uma opção de vida. Existem diversas razões que levam uma pessoa a adotar este tipo de alimentação: pode ser uma opção de cunho religioso, questão de saúde, ecológica, econômica ou ética. Mas todas perpassam pela consciência de que a vida dos animais e do planeta deve ser preservada. Isso sem falar nos benefícios para a saúde do ser humano, já que ela é capaz, inclusive, de evitar alguns tipos de câncer”, conclui a nutricionista.
Posição do CRN-5 sobre o tema
Um parecer do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (CRN-3), apoiado pelo CRN-5, aponta que “1) Qualquer dieta mal planejada, vegetariana ou onívora, pode ser prejudicial à saúde, levando a deficiências nutricionais; 2) As dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida; 3) Indivíduos com distúrbios alimentares (anorexia nervosa, bulimia, ortorexia e outros), em algum momento da evolução da doença, estão sujeitos a adotar dietas restritivas de qualquer tipo, vegetarianas ou não e devem ser avaliados nesse contexto; 4) A adequação nutricional da dieta vegetariana estrita (vegana) é mais difícil de atingir e exige planejamento e orientação alimentar cuidadosos, incluindo suplementação específica”.
O parecer considera, ainda, que “ao nutricionista cabe orientar o planejamento alimentar dos indivíduos, visando à promoção da saúde, respeitando as individualidades e opções pessoais quanto ao tipo de dieta. Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais da relação entre o indivíduo e os alimentos devem sempre ser considerados, no processo da atenção dietética”.