Leia o Artigo “O momento para ação é agora!”, de Elisabetta Recine

11/12/2014 - 07:12

Por Elisabetta Recine

 O momento para ação é agora!  É assim que termina a Declaração do Fórum de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e Movimentos Sociais à Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição (2ª CIN).

A 2ª CIN, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação ( FAO) e Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorreu entre 19 e 21 de novembro último e foi precedida do Fórum de organizações da sociedade civil de interesse público  (OSC) e movimentos sociais (MS). Reuniram-se cerca de 200 representantes de organizações e movimentos que atuam nos diferentes âmbitos da segurança alimentar e nutricional e soberania alimentar de todos os continentes.

Durante todo o processo de preparação da 2ª CIN as OSC persistiram em defender tanto um processo como a própria conferência mais democrática e participativa. A 2a CIN ocorre em um contexto onde a agenda global de nutrição é disputada por diferentes interesses e coloca-se como central o processo de governança, a participação social e critérios claros  para prevenção de conflitos de interesses.

Para as organizações e movimentos comprometidos com a realização do direito humano à alimentação adequada e garantia da soberania alimentar pode-se considerar que houve um marco importante onde ficou clara a necessidade urgente e a disposição em trilhar o caminho para que a agenda da alimentação e da nutrição se articulem profundamente.  Os desafios para estabelecermos um outro paradigma para a produção sustentável de alimentos saudáveis se relacionam estreitamente com os desafios para erradicação da fome e todas as formas de má nutrição, inclusive  a obesidade.  Superar a visão reducionista tanto da produção de alimentos como da nutrição requer uma análise holística e multidisciplinar, que combina as perspectivas política e técnica e o entendimento da alimentação enquanto expressão de valores, culturas, relações sociais e autodeterminação dos povos e pessoas, soberania e empoderamento.

A Declaração apresenta a indignação da OSC e MS frente à permanência de milhões de pessoas em situação de fome no mundo e conclama os Estados Membros a estabelecerem metas mais ambiciosas, firmarem um compromisso com objetivos, metas e mecanismos de monitoramento e de prestação de contas claros. E, acima de tudo, que este processo se de com transparência, protegido de interesses privados, e com a participação ativa e informada da sociedade civil, principalmente, dos grupos mais vulneráveis e atingidos pela má nutrição em todas as suas formas.

Os pontos centrais defendidos pelas OSC e MS são:

1.    enfrentamento dos determinantes políticos, sociais, culturais e econômicos da má-nutrição em todas as suas formas  a partir do entendimento que a alimentação adequada, saúde e água potável são direitos humanos fundamentais;

2.    a soberania alimentar é um pré-requisito fundamental para a garantia da segurança alimentar e nutricional e realização do direito humano à alimentação e adequada;

3.    políticas e estratégias específicas para enfrentamento da violência contra a mulher, em todas as suas expressões, são essenciais para a soberania e segurança alimentar e nutricional;

4.    a produção familiar e de pequena escala, os sistemas alimentares locais, com bases agroecológicas, sustentáveis e adequados social e culturalmente são centrais para combater a má nutrição em todas as suas formas e são a estratégia mais adequada para o enfrentamento das consequências das mudanças climáticas;

5.    é necessário assegurar aos pequenos produtores o acesso e controle  da terra, água, sementes, e outros recursos necessários à produção;

6.    a resolução dos problemas nutricionais requer ações integradas ao longo de todo o curso da vida e devem ser baseadas em estratégias de desenvolvimento de capacidades comunitárias;

7.    nenhuma política ou ação de governo pode acarretar em consequências nutricionais para nenhum grupo populacional e as políticas e programas devem abordar as raízes das causas da má nutrição em todas as sua formas entre todos os grupos etários, estratos econômicos e grupos sociais;

8.    o cuidado aos problemas nutricionais deve privilegiar as abordagens baseadas em alimentos saudáveis, adequados e culturalmente apropriados;

9.    a alimentação adequada e saudável precisa ser protegida e promovida a partir do aleitamento materno exclusivo, alimentação complementar, regulação das diferentes práticas de marketing que promovem o consumo de  produtos ultra processados e aprimoramento da rotulagem de alimentos;

10. estimulo a uma alimentação naturalmente nutritiva e redução do consumo excessivo de sal, açúcar e gorduras saturadas.

11. alimentos e bebidas ultra processados necessitam ser regulados por meio de medidas legislativas e econômicas.

A Declaração é encerrada com o anúncio da Década dos Povos para Ação em Nutrição.  O momento para ação é agora!

Acesse a versão em português da Declaração
Página da 2a CIN.
Declaração de Roma sobre Nutrição.
Marco Estratégico para Ação.

Elisabetta Recine
é conselheira da sociedade civil no Consea e integrou a delegação brasileira para a 2a CIN representando o Conselho.

Compartilhe:

Veja também



Fale Conosco

X

Enviando seu email...

Email enviado com sucesso!

slot gacor skybet88 slot online skybet88 skybet88 skybet88 slot gacor skybet88 skybet88 slot bonus new member skybet88 slot shopeepay skybet88 skybet88 skybet88 slot shopeepay slot gacor skybet88 demo slot skybet88 skybet88 skybet88 skybet88 skybet88 skybet88 mgs88 mgs88