Em discurso na Alba, presidente do CRN-5 ressalta a importância da Nutrição para a sociedade brasileira

1/09/2015 - 05:09

No dia 27 de agosto, os nutricionistas foram homenageados na Assembleia Legislativa da Bahia com uma sessão especial proposta pelo deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB),  em alusão ao Dia Nacional do Nutricionista. A presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 5ª Região, doutora Rita de Cássia Ferreira Frumento, foi convidada à messa diretora da sessão e proferiu um discurso, que marcou a primeira sessão especial na Alba em homenagem à Nutrição. Confira abaixo:

 

Bom dia a todos e todas!

Faço um cumprimento especial ao deputado Marcelo Nilo, presidente da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, ao deputado Fabrício Falcão, autor desta sessão especial, e também aos parlamentares presentes neste plenário.

Meus cumprimentos, também, à mesa: Doutora Márcia Paranaguá, vice presidente do CRN-5; doutor Émerson Palmeira, diretor-secretário do crn-5; e doutora Celenilda Aciole, presidente do sindicato dos nutricionistas do estado da Bahia, que nos honram com suas presenças nesta solenidade.

Hoje, dia 27 de agosto de 2015, os nutricionistas da Bahia, pela primeira vez em mais de 50 anos de profissão regulamentada no Brasil, vêm ao plenário da maior casa representativa do povo deste estado para serem homenageados.

Não podemos deixar de agradecer esta oportunidade e, ao mesmo tempo, parabenizar todos os nutricionistas que vieram para esta cerimônia, que representa um momento histórico para a nossa profissão.

Vale salientar que o dia do nutricionista é uma data especial não somente para a profissão de nutricionista. Essa é uma data importante para o Brasil, para a saúde deste país, que ainda enfrenta as consequências dos flagelos da desnutrição e da miséria que vivemos por mais de 500 anos e que ainda não foram totalmente extirpados da nossa sociedade.

Apesar dos reconhecidos avanços conquistados pelas políticas sociais nos últimos 10 anos, com a erradicação da fome e da miséria, principalmente no norte e nordeste do Brasil, temos que enfrentar outros desafios importantes impostos ao nosso país.

Somos 200 milhões de brasileiros que vivem numa sociedade cada vez mais globalizada, conectada e, em boa parte, sedentária.

Os dados da última pesquisa do Ministério da Saúde informam que mais da metade dos brasileiros economicamente ativos estão com excesso de peso, 18% obesos, a maioria com doenças crônicas não transmissíveis, como cardiopatias, hipertensão arterial, diabetes e câncer.

Diante deste quadro tenebroso, fica a pergunta: quais as políticas públicas adotadas pelos governos para combater esse mal que, a cada dia, ameaça o futuro do país?

Existem? Sim, existem.

São eficazes? Certamente não.

Encampando a bandeira do Ministério do Desenvolvimento Social, o sistema CFN/CRN´s aderiu à campanha comida de verdade, no campo e na cidade”, em alusão à necessidade da população consumir alimentos saudáveis, com menor teor de açúcar, sódio, gordura e sem agrotóxicos, transgênicos e aditivos químicos, substâncias que põem em risco a saúde das pessoas e o meio ambiente.

Por esta campanha eu aproveito para parabenizar o Conselho Federal de Nutricionistas. Porém, ao encampar esta bandeira, nós entramos numa luta muito dura. Eu diria até que é uma luta dura e desigual, onde enfrentamos o setor bilionário do agronegócio, pouco afeito às questões ligadas ao meio ambiente e sua preservação, como também à saúde das pessoas, quando abusam do uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras e a substituição do plantio tradicional pelos geneticamente modificados.

Somos, todos nós, vítimas deste sistema que, a cada dia, aumenta o número de acometidos de cânceres, alergias e outras doenças.

O problema é que essa conta um dia vai chegar para o país. E poderá chegar num momento difícil economicamente como o que vivemos hoje.

O alerta é: o Brasil não terá condições de sustentar uma geração inteira de indivíduos inválidos na sua previdência social.

E a saída, senhores, é pela via da conscientização, da prevenção, da educação. Por isso, esta sessão especial, na qual tenho a honra de participar como presidente do CRN-5, pode ser um marco na história da Nutrição, como o primeiro passo para o avanço tão esperado por nós, profissionais, que lutamos diariamente pela promoção da saúde e bem estar das pessoas.

Estamos aqui para reivindicar a adoção de políticas públicas voltadas à segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada que, no nosso entendimento, deve começar nas escolas.

Segundo o ministério da saúde, 38% dos jovens entre 18 e 24 anos estão com excesso de peso. Ou seja, a cada 10 indivíduos, quatro estão na faixa perigosa, propensos a uma série de doenças crônicas não transmissíveis.

Esse quadro é dramático para o país e precisa ser resolvido urgentemente. E a forma de resolvermos isso é, como disse, pela via da educação.

Os nutricionistas estão prontos, senhores deputados. Estamos prontos para, juntos com outros profissionais da saúde, combater este mal que aflige nosso país e põe em risco o futuro de tantas gerações.

Mas não estamos dispostos, apenas, a atacar as consequências destes problemas listados. Não faremos milagres.

Depois de tantos anos de avanço da nossa profissão, sempre pela via da ciência e pesquisa, reivindicamos a ampliação de nossa presença em todos os níveis do Sistema Único de Saúde, desde a atenção básica até a alta complexidade.

Nossa presença nas equipes básicas do Programa de Saúde da Família é mais que necessária para a sociedade brasileira.

Só para citar um problema grave e cotidiano, os restaurantes comerciais não têm a obrigatoriedade de contratar nutricionistas para garantir o alimento seguro para os seus clientes. Além disso, estão fornecendo alimentação, também, para outras empresas, numa perigosa forma de terceirização de serviços sem a devida fiscalização.

Não temos uma lei no Estado que apresente o nutricionista como o responsável técnico nessas unidades de produção. Desta forma, todos nós estamos expostos às intercorrências que já vitimaram milhares de pessoas no Brasil, que recorrem aos serviços de saúde por intoxicação alimentar.

Estamos prontos, senhores parlamentares, para ajudar a sanar o problema gravíssimo que é o descontrole da segurança alimentar no ambiente escolar, seja ele público ou privado.

Só para citarmos um exemplo, hoje a Bahia tem apenas dois nutricionistas lotados na Secretaria de Educação para gerenciar a produção e entrega da alimentação escolar nas mais de mil unidades escolares do estado. Isso é inadmissível.

O estado sabe do problema. CRN-5 já entregou um relatório com uma proposta de adequação técnica para esta situação e aguarda providências da Secretaria, que se mostrou sensível ao problema.

Já nas escolas particulares não temos nenhuma lei estadual ou municipal que determine a presença do nutricionista para garantir uma alimentação saudável e adequada.

As experiências mais avançadas no mundo contemporâneo apontam para uma alimentação escolar saudável, abolindo os transgênicos, os industrializados, privilegiando a agricultura familiar, a valorização de frutas, verduras e legumes da época. Tudo isso respeitando a diversidade cultural de cada região.

Já passou o tempo, caro presidente da Assembleia, que o nutricionista era tido como um mero prescritor de dietas.

Hoje, nossa atividade está totalmente vinculada às políticas de estado para a saúde, com foco na gestão, no manejo dos alimentos, na educação, na sustentabilidade, na promoção da saúde das pessoas.

Nossa atividade é de vanguarda. Nosso papel é estratégico para o desenvolvimento do nosso país e os governos precisam entender essa realidade.

Penso que uma nação próspera só pode ser construída se o seu povo estiver bem alimentado, bem informado e consciente do seu papel como cidadãos e cidadãs.

Vamos à frente!

Vamos vencer as barreiras que ainda teimam em se manter postas ante o desenvolvimento sustentável do país.

A Nutrição, os nutricionistas e todo o Brasil esperam essa resposta.

Nutricionistas nas escolas, nutricionistas nos restaurantes comerciais, e a educação nutricional para o consumo.

Queremos um futuro melhor, com respeito às pessoas, à cultura do nosso povo e pela saúde da nação.

É com este espírito que cito um pensamento do escritor uruguaio Eduardo Galeano, tirado do seu livro “Veias abertas da América Latina”:

“Nossa riqueza sempre gerou a nossa pobreza por nutrir a prosperidade alheia: os impérios e seus beleguins nativos. Na alquimia colonial e neocolonial, o ouro se transfigura em sucata e os alimentos em veneno”

Viva a nutrição!

Viva os nutricionistas!

Viva a Bahia!

Viva o Brasil!

Muito obrigada.

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